segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Angústia em Sartre (ou O Determinismo em Paulinho da Viola)

"Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar
É ele quem me carrega, como nem fosse levar."




À medida que o tempo passa, e nos deparamos com nossos dilemas cotidianos, passamos a crer cada vez mais num Determinismo. Ora, é muito mais fácil culparmos Deus ou "O Destino" pelos acontecimenotos de nossa vida. Fácil, nao útil.
Ouvindo essa canção de Paulinho da Viola após uma prova de Filosofia, passei a compreender a música à partir de um ponto de vista filosófico: o existencialismo sartreano.

Em poucas palavras, Sartre acredita que "estamos condenados à liberdade", o que significa dizer que somos total e irrevogavelmente fruto de nossas escolhas. Não há Deus, sociedade ou moral que nos condicione. Somos exatamente aquilo que escolhemos ser.

Desta forma, também convém citar a Parábola do Semeador, na qual Jesus fala que colhemos aquilo que plantamos.

Ora, à partir do momento em que o homem toma ciência de sua escolha, e percebe que sua vida é fruto de suas escolhas, estabelece-se uma Angústia neste, uma vez que o homem não sabe quais consequências seus atos terão. Portanto, acaba escolhendo por acreditar que uma força maior o determinou a ser o que é. O que é mais fácil, porém inútil.

Útil é viver com a consciência da escolha, ainda que não saiba que frutos suas escolhas lhe trará. Útil é semear sem medo de colher. Útil é ser o timoneiro, e não viver ao sabor das marés.

Homens fortes são aqueles que têm ciência de que tudo aquilo que escolhem lhes trará consequências, e que, ainda que não saibam quais consequencias serão, não se escondem na sombra de deuses, e simplesmente vivem.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma páscoa GORDA

Há alguns dias eu li uma reportagem no jornal dizendo que "o faturamento da Páscoa esse ano seria 36% maior do que em 2010". Fiquei pensando nessas palavras enquanto voltava para a casa após a feira de Domingo...



tá, eu posso ate ter me equivocado na imagem...
mas o espírito é o mesmo!

Eis um belo exemplo de como a cultura é utilizada como meio de dominação, meu caros colegas. Nossas datas comemorativas se tornaram apenas meio de enriquecimento para alguns.

Os meses de março e abril no Brasil são meses quentes e úmidos. Quem nunca viu uma barra de chocolate derreter por ficar 5 minutos no carro sob o sol? Sem falar no calendário litúrgico Cristão, o qual tem como preceito o jejum e a abstinência como principais lições após o período de Quaresma (os quarenta dias que antecedem a Páscoa).

Ou seja, a tradição de se comer chocolate na Páscoa nunca seria parte da cultura brasileira, se não fosse introduzida por outros.

Só para constar, o Brasil é o segundo maior consumidor de cholocates durante a Páscoa, perdendo apenas para nossa grande amiga e "parceira" econômica de longa data: A Inglaterra. Olha a dominação aí gente... (ah não, o carnaval já passou!)


Pois bem, a única razão que nos leva a comprar quilos e mais quilos de chocolate na Páscoa é a alienação! Nossa cultura de comprar chocolates é somente instrumento de enriquecimento da indústria. E eu não me restrinjo somente à industria de chocolate, mas existe toda uma cadeia de setores que saem ganhando, desde o papel que embrulha o chocolate às transportadoras que lucram levando-o até as lojas...


dedico este post
à Dra. Ana Calderoni
e aos meus dois dentinhos
removidos sexta-feira
muito obrigado por me garantirem
(à força)
uma páscoa menos capitalista

sexta-feira, 25 de março de 2011

Orgulho DO Preconceito

Enquanto escrevia o post "Hare Baba", lembrei-me de uma situação que aconteceu comigo em sala de aula e que acho que devo compartilhar com meus leitores, e que fala sobre ignorância e preconceito.



Há alguns anos, enquanto estudávamos Geografia Geral e "Caminho das Índias" estava arrebentando as outras emissoras com 68 pontos de audiencia, foi proposto um trabalho sobre o subcontinente indiano a um grupo da turma. Esse grupo fez uma apresentação em Power Point mostrando "uma outra Índia", ou seja, mostraram toda a miséria existente no país, além de comentários preconceituosos sobre o fato de os indianos "adorarem" as vacas e tratarem o poluído rio Ganges como um deus.

No primeiro momento, fiquei estarrecido, pois eram coisas que não apareciam na novela. É claro que não!

Mas, depois de uma rápida introdução à belíssima cultura indiana, passei a perceber que a cultura deles não é muito diferente da nossa...

Enquanto que eles respeitam as vacas como seres humanos, nós (e eu me incluo nessa) gastamos 50 reais com um xampu para nossos bichinhos. Enquanto que lá alguns fundamentalistas matam os outros por seu Deus, aqui nós nos matamos (seja mental, financeira ou psicologicamente) pelos nossos. Enquanto os pais deles vendem suas filhas em casamentos arranjados, as moças daqui se vendem em casamentos por interesse...

E isso não se restringe somente a um país pobre do oriente como a Índia... Não mesmo!

Outro dia, ouvi duas colegas dizendo que "odeiam os americanos". Não entendi muito bem o que elas disseram pois as mesmas estavam com mochilas da Nike, tenis da Adidas, uma possuia um iPod, outra tinha visitado Orlando e uma delas (acredite!) tinha acabado de beber uma latinha de Coca-Cola!

Chegamos a um ponto onde a ignorância é tamanha que aqueles que se acham "não-ignorantes", discordando daquilo que a maioria gosta, são também ignorantes!

O preconceito vem à partir da ignorância.

Portanto, se não querem ser preconceituosos, não sejam ignorantes.



Sejamos práticos. Livrar-se da ignorância exige coragem e esforço.

Não ser ignorante significa: antes de falar mal do carinha com cabelo de cuia que canta "Baby", conhecer o trabalho dele, para depois formar sua opinião.

Ah! E não saia por aí espalhando sua opinão aos quatro ventos. Lembre-se de que para tudo o que voce curte, tambem têm aqueles que não curtem!

dedico esse post
a todos os meus professores
mestres
e mentores,
os quais estão sempre
me ajudando a remar
nesse mar de ignorância

terça-feira, 22 de março de 2011

Perdidos no Lácio

Hoje, durante minha aula de Literatura, nossa querida professora Claudia Martins, falando sobre as características principais do Romantismo, citou o Determinismo como uma delas.
E foi além, ela despertou o senso crítico da turma (que permanece adormecido enquanto nos conectamos - e eu me incluo nisso), acendendo um questionamento que até agora me deixa inquieto: Será mesmo que as pessoas são determinadas pelo meio em que estão, isto é, por sua sociedade?

(vou deixar que vocês reflitam enquanto lanço uma foto abaixo para iniciar o post)


"Alea Iacta Est"

A citação acima pertence ao grande imperador romano Julio Cesar, e significa algo como "Os dados estão lançados" ou "A sorte está lançada" e foi dita pelo mesmo ao atravessar o rio Rubicão (que delimitava a fronteira entre a Gália e a Italia) com suas legiões, fato que era ilegal pela Lei Romana, uma vez que muitos generais o fizeram e logo depois tomaram o poder. Bom, como todos sabem, Julio Cesar, após ser o general das campanhas da Galia, acabou por tornar-se imperador da grande Roma.

Enfim,

Saindo do Lácio, mas continuando a falar em Cesar, chegamos ao determinismo.
Quando nascemos, temos uma grande expectativa da sociedade em nós, para que nos tornemos pessoas capazes de desempenhar nossos papeis e contribuir com a construção de um mundo melhor. É claro que existe uma grande possibilidade de não conseguirmos desempenhar nossas funções, mas isso não vem ao caso. Quando nascemos, é como se os deuses nos dissessem "Alea iacta est!". Nascemos, desta forma, livres e através de nossas escolhas, moldamos as pessoas que seremos.

Mas será que todos têm escolha?

Tentando fugir de longas asserções sociológicas, e buscando ser sucinto, posso dizer que, até onde meus estudos me podem guiar, vivemos numa sociedade desigual, onde uma pequena parcela possui muitas escolhas, e a maioria ou está dominada ou vive com pouquíssimas escolhas. Mas nem tudo está perdido. Com o desenvolvimento de alguns países, essas desigualdades tendem a diminuir (ainda que continuem gritantes). Também não é raro vermos exemplos de pessoas que não aceitaram sua condição social, realizaram um esforço hercúleo, e conseguiram mudar de vida. (Ou viraram jogadores de futebol/pagodeiros/funkeiros)

Portanto, concluo dizendo que os dados continuam a ser lançados. Sim. Todos temos oportunidades de escolhermos nosso destino. Mas uma coisa é sociologicamente inegável: esses dados são sim viciados!

although this post is in pt
and I'm too lazy to translate
it's dedicated to my dear friend Luigi
il ragazzo degli arance!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Hare Baba


ॐ सह नाववतु |

सह नौ भुनक्तु |

सह वीर्यं करवावहै |

तेजस्विनावधीतमस्तु मा विद्विषावहै ||

ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः ||

Om, que Ele nos proteja e nos mantenha sempre juntos.
Que trabalhemos constantemente com vitalidade.
Que nosso estudo seja vigoroso e revelador.
Que não haja disputas entre nós.
Om, que se faça paz, paz, paz.


- Shanti Mantra, ou Mantra da Paz

É interessante e me faz muito bem estudar o Yoga e os textos sagrados do Hinduismo por dois motivos: 1. A concepção de um Deus que não está lá no céu, mas sim que é parte integrante de todas as coisas do universo é inovadora (ainda que seja alguns milênios mais antiga que a concepção Monoteísta...) 2. A busca pela perfeição e união com o absoluto (ou seja, o Yoga) não esbarra em gastos dispendiosos, sejam eles gastos materiais, psicologicos ou desgaste físico, mas se faz através do autoconhecimento, da consciencia corporal e do aquietamento (meditação).

Todavia, vejo que o Yoga, como bem cultural do povo indiano, nunca foi algo imposto sobre outros povos, como aconteceu com duas das maiores religiões monoteístas. Muito pelo contrário,
são as pessoas que vão buscar o Yoga.

Após perceber isso, coloquei-me a pensar se existe uma cultura "mais culta" que outra, isto é, que fosse meritória de ser imposta à outros povos. Esse questionamento sempre foi inevitável e é intrínsceco ao estudo das sociedades estrangeiras.

Então, primeiro gostaria de conceituar CULTURA como: "o produto da habilidade racional humana de transformar a natureza ao seu redor". Em outras palavras, a cultura é tudo aquilo que o homem produz com suas próprias mãos através do seu pensamento.

É bom que se diga, tambem, que conhecimento não significa cultura.

Ser um Ph.D em Engenharia Civil possui a mesma importância, culturalmente falando, de se saber construir uma simples cabana de palha. Ora, se a cultura é a transformação da realidade natural, pelo pensamento, em algo que atenda às necessidades do homem, logo, tudo o que é feito por nós possui mesma importância: é cultura.

Desta forma, conclui-se que não existe um povo mais culto que outro. O que há são as diferentes manifestações do pensamento humano em transformar sua realidade física. O pensamento divergente, portanto, é o que torna riquíssima uma cultura exterior.

NAMASTÊ!



dedico à amiga Paula Azzi,
pois sem a chatisse da qual,
não teria feito este blog ;)